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sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Constituição do Sujeito/ Surdez

Quando discutimos sobre inclusão do surdo na rede regular de ensino temos que considerar o primeiro aspecto da educação de um ser humano: seu acesso a linguagem, a construção de sua subjetividade e sua realidade familiar.
Para iniciar esta discussão vou pontuar com vocês uma conversa que tive com a Dani, uma fono de minha Instituição com Mestrado pela UNICAMP, apos voltar de um Congresso, ela trouxe um fato que me marcou muito: Se a criança começa a ouvir os sons ainda na barriga da mãe, não me recordo com certeza as semanas(ela me disse esqueci)o surdo já nasce meses atrasado em relação à cultura oral, ouvintista.
Trazê-lo a rede com outras crianças implica em oferecer um ambiente bilingue, onde a LIBRAS seja apresentada a criança, pois ela tem um efeito mágico de despertar e dar significado as coisas, ao mundo ao redor da criança surda.Uma frase do Oliver Sacks,1998, pg 52 fantastica diz o seguinte:
"Um ser humano não é desprovido de mente ou mentalmente deficiente sem uma língua porém esta gravemente restrito ao alcance de seus pensamentos, confinado de fato a um mundo imediato e pequeno.
Para tornarmos o mundo do surdo, sem falsos estigmas que o ser surdo traz limitações, precisamos expandir e descortinar o mundo para os surdos, atraves da Linguagem através da LIBRAS.
A lingua tem o poder de constituir subjetividade nos sujeitos permitindo que através dela se construa a sua propria historia.Exigir do surdo uma postura oral significa limita-lo a um numero pequeno de palavras soltas sem significado,tenho plena convicção que estimular a oralidade ensinando o surdo a se comunicar na lingua dos demais, podendo assim se fazer entender melhor, mas pense bem: o surdo falar é melhor para ele ou para vc que não o entende na sua propria lingua? Não seria este um pensamento imperialista onde só é bom e melhor aquilo que se aproxima ao que a sociedade convencionou chamar de normal/normalidade??
Eu estudo demais as questões da surdez, sou esforçada gostaria de poder ter muito mais a acrescentar a sociedade em relação a isto, mas infelizmente sou limitada enão tenho condições academicas para isso, minhas reflexões partem( como a de todos nós!) do meu contexto de vida, das minhas experiencias.Acredito piamente na LIBRAS, convivo com crianças que chegam a minha Instituição com 3 4 anos, quietas, olhinhos sem brilho, pais que falam que ela os entende perfeitamente, gritam tentam forçar uma liguagem labial e penso: que criança amuadinha triste, será que tem só surdez ou outros comprometimentos??
Depois após semanas, esta mesma criança passa toda sorridente enturmada, gesticulando, contando facetas de suas travessuras, olha para gente com satisfação...O que é isto? a conquista da LIBRAS, a descoberta da normalidade, afinal ali ela é normal, todos seus colguinhas são surdos, usam aquele aparelhinho...
Não sei nem com terminar este post, apaixonada pelo que faço, pretendo ir além, além do que determina decretos, mesmo sabendo que remo contra a maré.Friso mais uma vez não sou contra a inclusão, mais exigo para meus alunos um tratamento digno respeitoso consciente e adequado, tratamento este que nem aos alunos "normais" conseguiu ser dado, haja vista os numeros do Brasil nos rankings educacionais pelo mundo afora.Mas acho que o fator que mais me choca: fazer leis tirando as crianças especiais das Instituições foi fácil, agora aprovar a Lei que obriga todos os politicos a terem seus filhos na rede pública de ensino há essa com certeza vai demorar, muiiiiito.Um abraço cheio de divagações pedagógicas...

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